Alteração de setup (ou de como ficar irritado com seu técnico)

Fazem 2 anos que adquiri esse Sansui AU555 em uma feira no RJ.  O valor foi simbólico pela marca que é, podendo eu ter me lascado e comprado uma bomba de efeito retardado. Talvez isso tenha acontecido…

A fila de equipamentos para serem restaurados, no que tange a eletrônica estava diminuindo, mesmo considerando que alguns foram devolvidos sem a solução dos seus problemas. Não que isso signifique recuperação impossível ou improvável, mas sim algo que demoraria mais tempo que o previsto, preferindo recolher o equipamento a minha casa antes que se perdesse alguma peça.

Esse amplificador não tinha um dos knobs, pois o potenciômetro instalado nele era meia-lua, ao invés de estriado como padrão. Para corrigir, o meu técnico deveria arrumar um potenciômetro com as características desejadas para só então comprar o knob. Munido das características básicas, comprei pelo site WWW.sansui-parts-shop.com o knob desejado com razoável tranquilidade, apesar dele atender aos modelos AU666, 777 e 999.

 

Encaminhado ao técnico, fiquei surpreso com a rapidez na qual ele disse ter arrumado o aparelho. O tempo era recorde para ele (20 dias), mas trazia consigo a dúvida do trabalho ter sido feito com capricho. Marquei com ele de buscar o aparelho, longe de minha casa 20km, mas num trajeto que leva quase 1 hora. Chegando lá, avisou que estava tudo certo mas que não daria para testar. Garantiu que o aparelho ficara funcionando um dia inteiro sem apresentar falhas. Ok, vou acreditar.

A intenção inicial era substituir o AKAI 5210 situado em BH, aparelho que funcionou sempre satisfatoriamente e sem motivo para aposentadoria. Eu queria mesmo era dar rotatividade aos aparelhos e desfrutar de todos. Mas como gato escaldado que sou, decidir levar o Sansui e manter o AKAI. Um desavisado e afoito poderia ter levado embora o AKAI para depois trazer o AU555, talvez com o pretexto de não manter 2 aparelhos em um apartamento pequeno, ocupando espaço. Pois então: num domingo chuvoso decidi trocar os aparelhos, tarefa facilitada pela estante com fácil acesso.

Resultado: o Sansui funcionou mal e porcamente 5 minutos. Um dos canais berrava enquanto o outro tocava normalmente; os controles de tonalidade estavam inoperantes; um zumbido apareceu aos 2 minutos de funcionamento; e finalmente o rompimento de um capacitor eletrolítico pôs fim a experiência. Irritado, conversei com o técnico depois de 10 tentativas de ligação. Ele se disse chateado com a situação e que resolveria assim que retornasse. Quando retornaria? 2 meses depois e com o carro cheio de tralhas, incluindo o amplificador.

Se o seu técnico diz que está pronto e reolvido, você tem de acreditar. O tempo tem de ter sido suficiente, mesmo que ele tenha outras atribuições. Ligar periodicamente para ele é para saber o andamento do serviço e não parecer nem despreocupado nem negligente. Se parece que estou pressionando? Sim, estou. Mas ele sabe dos problemas que enfrenta e deveria passar com clareza.

Passados 4 meses, forçando para entregar no dia de meu aniversário com a desculpa que faria uma festinha em minha casa, marquei de pegar o aparelho novamente em sua casa/oficina (que aliás é uma bagunça…). Essa data foi especialmente cansativa, pois moro em outro estado, com folga de 2 dias e inúmeras atividades agendadas. Peguei o meu carro e fui em sua direção.

Confesso que estava radiante pela recuperação, principalmente porque ele havia assegurado a substituição de diversos componentes do pré e do amplificador. Os capacitores quando substituídos produzem cristalinidade ao som, trazendo um frescor antes não percebido. Chegando lá, num domingo que eu deveria estar assistindo Autoesporte, ou mesmo tomando um café da manhã mais calmo com minha esposa, conversei com ele sobre os consertos e a agenda dele, bem como um Pioneer SX1280 e um Sansui G7700 à espera de restauração. Da mesma forma que a vez anterior, ele disse não poder mostrar o aparelho funcionando. OK! Vou acreditar novamente…

Chegando em casa, retirei ansiosamente o Receiver Yamaha CR620 e coloquei o Sansui no seu lugar. Liguei e comecei a me deliciar com seu som quente e graves fortes. O Cd de teste foi um Deep Purple “Comes taste the band”. Liguei pro meu irmão, contente com esse presente de aniversário. Logo depois, decidi dar o feedback positivo ao técnico, falando as maravilhas de como estava tocando. Lembro de ter dito: ”quando o resultado é positivo, também temos de comunicar, não só quando dá problemas”. Quando retornei ao quarto, percebi que o som estava diferente.

Vocês conseguem imaginar a quantidade de palavrões que conheço e decidi falar naquele momento? É enorme, posso garantir. O amplificador decidiu ficar com o som rouco em um dos canais, como se tivesse uma solda fria (para quem não sabe: solda fria é aquela que descola da placa e tem funcionamento intermitente). Tentei mexer nos controles, saídas, volume, liga, desliga, mexe, volta, revira, vira. Nada. Desligo e espero esfriar. “Vai que é de aquecimento”, pensei. Nada. A bosta ficou ruim de vez.

Para não estragar o meu aniversário ouvindo desculpas esfarrapadas, decidi ligar somente no dia seguinte, mais calmo, para relatar o ocorrido. Aproveitei para lhe falar que só iria entregar o aparelho em 1 mês e que o pagamento ficaria retido.

Se estou satisfeito? Claro que não! A vontade era de mandar para outro técnico para que ele resolva definitivamente o problema e dar uma banana pro anterior.

Enquanto isso fico eu ouvindo minhas músicas em fones de ouvido de um celular Nokia mesmo.

 

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